Quanto valem cinquenta centavos?
No domingo passado, 22 de Setembro, por volta de 7h30 da manhã,
esperava na esquina da São João com Duque de Caxias a minha esposa Roberta, que
havia ido buscar o carro no estacionamento. No prédio de nosso novo apartamento
não há garagem.
Era uma linda manhã de sol. Iria em direção
ao Parque Vila Lobos para participar do Desafio Intermodal 2013. A
Roberta levaria a Leona até a vovó Jurema para, em seguida, abrir sua loja.
Enquanto a aguardava chegar, observava o movimento da Avenida São João, em
especial alguns rapazes que trabalhavam limpando parabrisas dos automóveis que
paravam no farol.
Um desses rapazes se aproximou. Negro, malcheiroso, não entendia quase nada
do que falava. Ele, como que por respeito, evitava chegar muito perto, mas
tentava atrair a atenção e conversar com a Leona. A cadeira de rodas facilita
esse tipo de relação, o que, em geral, me agrada. Entendi apenas que ele era
palmeirense e fazia questão de mostrar um cordão com uma medalha do time.
Depois de ir e voltar para sua labuta algumas vezes, onde a maioria
dos motoristas nem sequer abria o vidro para ouví-lo, voltou para perto de nós
e, encarecidamente, pediu-me que aceitasse o dinheiro que acabara de ganhar; R$
0,50. Disse que sabia que eu não precisava daquele trocado, mas
gostaria muito que eu comprasse um doce para a Leona.
Aceitei!
Fiquei feliz e emocionado. Foi mais um prêmio da loteria da vida que
ganhei. Já foram muitos. Hoje sou um homem rico!