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A Fantástica maquininha. 

Um dia desses, passeando  pelo Centro da cidade parei  em frente à Igreja de São Bento para ver o que era circundado por um grupo de curiosos. Era um artista de rua. Não sei se poderia defini-lo como mágico. Fui me aproximando com dificuldade cuidando para não ofender a canela de ninguém.
Entre a apresentação de diversificadas peripécias e façanhas, impressionou-me particularmente uma: tratava-se de uma maquininha, aparentemente singela, mas que transformava em notas de cem, notas de dois Reais. Isso mesmo! Notas de dois Reais transformadas em notas de cem!
Não hesitei e comprei duas! Eram as últimas. Cinco Reais cada. Disse-me o vendedor que até me faria três por dez, mas, infelizmente, aquelas eram as últimas.
Desde esse dia minhas noites tem sido insones. Também as de minha esposa. Passamos dias e noites confeccionando notas de cem. (Do modelo antigo, não identificáveis por pessoas com deficiência visual).
Quando conseguimos uma boa quantidade de notas de cem, pagamos as contas, comemos fora, nos melhores estabelecimentos, e aquelas que sobram, e são muitas, trocamos por mais notas de dois Reais, e continuamos a saga.

Uma coisa que não compreendo é o porquê aquele senhor, o vendedor das maquininhas, não se dedica, ele próprio, a confeccionar notas de cem. Creio que seria mais vantajoso. Não que o lucro seja pouco. Creio que não, ainda que ele estivesse mal vestido e com aquele jeitão de pobre.
O chato mesmo, conforme observei, é ter que ficar correndo do rapa.
Sei lá. Cada cabeça uma sentença!