quarta-feira, 29 de junho de 2011

Fiscal dos lugares por onde passo.



Calçadão exclusivo para pedestres no Centro de São Paulo. Rua XV de Novembro em frente à Secretaria de Estado dos Esportes.

Buracos e mais buracos.

O buraco da foto é um dos mais estrategicamente localizados do Bairro, o que é uma grande façanha, dado que Santa Cecília é o Bairro mais esburacado do Centro de São Paulo. Tenho visto com meus próprios olhos e sentido com minhas próprias rodas!

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Minha mãe me ensinou.

Quando eu andava de pé, não saia de casa sem um lenço de algodão no bolso de trás. Agora, lá estão eles, inúteis, esquecidos na gaveta.

Continuo fumando minha Café Creme. Se eu fosse presidente do Brasil, sairia, certamente, na imprensa: fumando cigarrilhas importadas. (São manufaturadas na Holanda com tabaco do Ceilão).

Façam lap tops. Façam Facebooks. Em frente meus humanos companheiros! 
Mas, eu não vivo sem meu caderninho de apontamentos. Eu não saio de casa sem uma caneta. De jeito nenhum!

Amigos

Um dia desses, lembrando Nelson Cavaquinho, (Me deem flores em vida), declarei a uma amiga o enorme carinho e afeto que tenho por ela. Isso me fez muito bem.
Por outro lado, faleceu, também por esses dias, um amigo: Cleodon Silva, (Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo).
Que vazio me ficou! Que dor por não ter lhe dado um abraço, um sorriso, uma declaração de quanto o amava.

sábado, 18 de junho de 2011

Eu. Eu mesmo! Dando aula no curso de mestrado em Tecnologia Assistiva promovido pelo ITS Brasil. Reencontrando velhos amigos. Fazendo novos. Que bom!!

Palestra em São José do Rio Preto. Minuto da Inclusão e o Artigo 21 da Convenção da ONU. Reencontrei amigos e amigas. Fiz novas amizades. Que bom!

Acessibilidade na prática. Minha vivência cotidiana.

Primeiramente não podemos conceber transporte e locomoção sem que se considere o pedestre, coloco aqui, também como pedestre, o usuário de cadeira de rodas.
Desde que me mudei para o Centro de São Paulo, Santa Cecília, tenho feito a maioria dos meus deslocamentos a pé, (rodando, em cadeira de rodas motorizada), ou em transporte coletivo, sobretudo, ônibus e metrô, mais raramente utilizo o Atende[1]. Tentei utilizar trem, minha mãe mora em São Caetano do Sul e tentei por duas vezes chegar lá com esse meio de transporte. É impossível.
Está contribuição se baseia em minha vivência pessoal e cotidiana.
Calçadas:
·        Enfatizando: para se chegar ao ponto de ônibus, à estação de trem ou metrô, ou mesmo para se tomar um táxi, é indispensável usar a calçada.

1.      O estado de conservação, regularidade e padronização da esmagadora maioria das calçadas da cidade é lamentável: buracos, degraus, inclinação exagerada em benefício de entrada de garagens, irregularidade entre calçadas de cada imóvel, inexistência de guias rebaixadas, etc.
2.      Em muitas situações lojas fazem da calçada estacionamento; um carro maior ou mal estacionado impede a passagem de pessoas em geral e inviabiliza completamente o transito de usuários de cadeiras de rodas;
3.      Bancas de jornal, postes dos mais variados, lixeiras de condomínios, árvores com suas raízes são outros obstáculos que dificultam ou impedem a locomoção.
4.      O farol para pedestres, quando existe, tem tempo curtíssimo e acontece de somente abrir duas ou três vezes após a abertura para automóveis;
5.      Bancas de jornal instaladas em esquinas dificultam a visibilidade para a travessia
6.      Ausência absoluta de fiscalização. Cada um faz o que quer e como quer, na e com a calçada;
Metrô:
1.      Por incrível que pareça os novos trens do Metrô, recentemente adquiridos, oferecem menor acessibilidade do que os antigos. Isso porque os carros ficam numa altura maior ao estacionarem, criando um degrau com 10 a 15 centímetros entre a plataforma e o vagão;
2.      As plataformas elevatórias instaladas em várias estações ajudam, mas são de má qualidade e frequentemente encontram-se em manutenção;
3.      Há falta de pessoal: comumente espero bastante para embarcar, em comparação a um usuário não deficiente em razão da não disponibilidade de funcionário para me ajudar. No desembarque, ainda que tenha havido comunicação entre uma estação e outra, é comum não encontrar nenhum funcionário para apoio.
Ou desembarco sozinho, arriscando-me, ou peço ajuda para algum passageiro.
4.      Em horário de pico, nem pensar.
5.      Ressalto que os funcionários, quando tem disponibilidade, são muito bem treinados, educados e gentis.
Ônibus:
1.   Ainda são muito poucos os chamados “ônibus acessíveis”. Normalmente espero o triplo do tempo, ou mais, em relação a outro usuário, até que passe um ônibus com rampa, que são os mais comuns. Nunca peguei ônibus com elevador;
2.   Ainda que os motoristas dos ônibus, assim como os cobradores,  sejam educados e prestativos,  têm um estilo de dirigir mais para caminhão. Aceleradas e freadas bruscas e velocidade causam desconforto e insegurança;
3.   Os ônibus são razoavelmente acessíveis para usuários de cadeiras de rodas, não são para outras pessoas com mobilidade reduzida. Degraus dentro dos veículos são enormes.
4.   As rampas móveis para embarque e desembarque são exageradamente inclinadas. Isso ainda quando o ônibus para junto à calçada, situação corriqueira no Centro e em alguns bairros melhores.  Na periferia essa possibilidade é inexistente;
5.   A acessibilidade desses ônibus é bastante questionável. A inclinação das rampas, por exemplo, está completamente fora dos padrões ABNT;
6.   Raríssimos ônibus intermunicipais, EMTU, acessíveis. Parece que essa empresa está acima da Lei.
7.   O que justifica não existir um sistema intermunicipal de transporte porta a porta, modelo Atende, para pessoas com deficiência? O que também é de responsabilidade da EMTU.
Trem:
1.      Só conheço a estação do Brás com elevadores. Todas as outras têm muitos, muitos, degraus.
2.      Nessas estações o usuário de cadeira de rodas é carregado pelos seguranças, com grande risco para todos: carregado e carregadores.
3.      O vão que fica entre os vagões e a plataforma é enorme, oferecendo risco para todos os usuários, em especial para as pessoas com deficiência, idosos, etc. Além do vão, com cerca de vinte a trinta centímetros, também ocorre um degrau entre dez a vinte centímetros. Dependendo da estação, do trem e da plataforma.
4.      Não há nenhum treinamento para os seguranças que fazem o atendimento às pessoas com deficiência, que são terceirizados. Na prática são eles que fazem esse atendimento. A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos - CPTM alega que esse treinamento foi realizado, me parece até que pela Associação Metroviários Amigos dos Excepcionais - AME, mas o pessoal capacitado não é, certamente, o que realiza atendimento direto às pessoas com deficiência.
Atende:
1.      Gostaria de conhecer as razões técnicas para a não mais existência dos chamados “box” nos novos carros do Atende. Agora as cadeiras de rodas ficam no meio do veículo presas no piso. A sensação de insegurança é grande.
2.      Pessoas que, por exemplo, estudam a noite, não podem utilizar o Atende, que atende apenas e somente até às 20:00 horas.

Infelizmente, mesmo com a boa vontade, honestidade de intenções e empenho da grande maioria dos funcionários públicos, funcionários e gestores das empresas citadas,  a questão da acessibilidade e do transporte para pessoas com deficiência é uma questão de vontade e decisão política. Que não está acontecendo em nossa cidade.







[1] Sistema publico de transporte porta a porta realizado por meio de vans com plataformas elevatórias gerenciado pela SPTrans.

No Aeroporto de Congonhas, Teleton. Pedindo dinheiro por nós. Para nós? Nada sobre nós...

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Sorriso azul

Ontem, no aeroporto, encontrei um amigo que há muito tempo não via. O Granado. Antonio Carlos, nos primeiros dois nomes, meu xará, portanto. Fiquei muito feliz. Ele tem um sorriso azul.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Uma visita ao Cemitério do Araça - Windows Live

Uma visita ao Cemitério do Araça - Windows Live

Visite comigo o Cemitério do Araçá!
Durante muitos, anos passando pela Av. Dr. Arnaldo, senti vontade de visitar esse cemitério e conhecer sua arquitetura tumular. Acabei por fazer essa visita há alguns dias, num domingo ensolarado e frio.
Fiquei frustrado, a arquitetura tumular não é grande coisa.
Mas, a visita valeu a pena.
Venha comigo!

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Dias felizes

Depois de uma conversa com o simpático e doce Oded Grajew. 40 minutos no ponto de ônibus! Primeiro temos que ver se o ônibus e acessível, depois, e somente depois, qual o itinerário.
Nenhum Armênia acessível, que passa perto de casa. Peguei o Anhangabaú, e fui para a Biblioteca Mario de Andrade.
A plataforma elevatória não funcionava. Estresse. Funcionou.Vou então ao banheiro acessível. Trancado. Onde estará a chave?
Os dois funcionários que me atendem, terceirizados, negros. O rapaz, pelego, infelizmente. A menina, educada, gentil.
Reclamei mais uma vez. Fiz chamar a gerente. Tudo vai dar certo.
Nao encontrei a Ritinha, da recepção, que nos pergunta o numero do RG e guarda pertences.
A outra que também gosto, menina/menino, não estava.
Peguei um Mario Faustino e um Alberto Moravia. Fui embora.
Eia, eia, cadeirinha!

Cronica de uma viagem à Brasilia.



Convidado pelo Ministério da Educação estive no último dia cinco de Maio em Brasília para participar de uma Câmara Técnica sobre a inclusão escolar de crianças e jovens com deficiência no ensino público regular. Estavam também presentes, técnicos, estudiosos, profissionais e ativistas pelos direitos das pessoas com deficiência de todo o país.
Foi um dia intenso com muitos debates e informações acerca dessa iniciativa exitosa do Ministério da Educação e que tem nosso irrestrito apoio.
Aproveitei essa viajem, cuja estadia de um dia assim como as passagens aéreas foram pagas pelo MEC, para outros contatos e reuniões. Alterei o dia da volta junto à empresa aérea e permaneci em Brasília por mais um dia e meio. Arcando, com recursos da Pastoral, essa e outras despesas.
Uma religiosa amiga que mora lá, procurou, a meu pedido, um local ligado à Igreja para a minha hospedagem. Para quem não me conhece pessoalmente, informo que utilizo cadeira de rodas motorizada, e por isso, a procura teve que, necessariamente, levar em conta as condições de acessibilidade do local.
Depois de bastante pesquisa por telefone finalmente uma Casa se apresentou com as condições necessárias para receber uma pessoa com deficiência, a Pontifícias Obras Missionárias – POM.
De fato o local tem bastante acessibilidade, não existem degraus, pude circular por quase todos os espaços, restaurante, biblioteca, capela. (Menos o altar. Ainda não vi um altar com acessibilidade).
No entanto, um problema: as portas dos banheiros dos quartos destinados aos hóspedes é muito estreita,  o que não permite a passagem de uma cadeira de rodas!
Passei por situação constrangedora e que envolveu risco à minha segurança, pois tive que realizar, dentro de minhas possibilidades, malabarismos para tomar um simples banho. Outras necessidades como escovar os dentes e etc. realizei num banheiro externo ao setor de hospedagem, que não possui chuveiro.
Não é a primeira vez que passo por situações semelhantes a esta. Certamente não será a última.
Eu gostaria que fosse a última. Eu não quero mais passar por situações como esta. Eu não quero que outras pessoas com deficiência passem por situações como esta!
Foi por isso, e para isso, que construímos e realizamos a CF 2006. O convite foi: “Levante-te. Vem para o meio”. Pois bem: estamos nos levantando, estamos, a duras penas, fazendo a nossa parte, muito pouco ainda. Criamos a Pastoral das Pessoas com Deficiência da Arquidiocese de São Paulo, e em várias outras regiões. Pessoas com e sem deficiência estão se mobilizando para esse grande projeto que é o dar vida a todos os propósitos contidos no Documento Base da CF 2006.
Mas, qual o significado para a Igreja dessa Campanha? Quais as ações práticas realizadas? Bastou a construção de rampas nas entradas de algumas igrejas e tudo está resolvido?
Devemos cobrar e exigir dos governantes que cumpram a lei, que respeitem nossos direitos, mas o padre e o bispo, os coordenadores das tantas instituições da Igreja não precisam fazê-lo?
Ficamos moralmente fragilizados em cobrar governos e sociedade para que cumpram a lei, quando em nossa Casa essa preocupação é pequena.
Lá em Brasília, ao informar a funcionária administrativa, que me recebeu tão bem, assim como todos os outros funcionários, das dificuldades pelas quais estava passando, ela, em sua ingenuidade argumentou: então, a solução é não recebermos mais pessoas com deficiência.
Fiquei profundamente entristecido com tal afirmação, que repito, estou certo, não foi por mal, mas pelo grande desconhecimento que essa moça, assim como a grande maioria do povo brasileiro, governantes e Igrejas, têm em relação à realidade de vida e necessidades das pessoas com deficiência.
Ninguém se recusa em ajudar uma pessoa com deficiência, seja para subir um degrau com a cadeira de rodas, seja para contribuir com uma entidade assistencial. É da natureza do povo brasileiro. Mas, quando queremos que essas ajudas sejam dispensadas e nossos direitos respeitados, “a porca torce o rabo”.
Tenho nitidamente a impressão de que o que as pessoas valorizam, sendo o objeto da  importância, é a ajuda, o ato, e não o beneficiário do ato, no caso, nós, pessoas com deficiência. Se nossos direitos forem garantidos, seja pela Igreja, seja pelos governos, como ficará a ajuda, como ficará o auxílio, essa caridade menor que insiste em ver-nos como eternos dependentes?  
Fortaleço-me na Verdade, na crença de que levantar e ir para o meio foi a escolha correta. Foi o caminho que Jesus nos ensinou e que não tem volta, seja pela fé em seus ensinamentos, seja pela certeza que ir para o meio, estar no meio,  significa lutar por um outro mundo, que além de possível, é certo. Um mundo com direitos e oportunidades para todas as pessoas!
Vamos em frente!
A viagem a Brasília afinal foi bastante proveitosa. Além de contribuir com as discussões sobre Educação Inclusiva no Ministério da Educação, tive outros compromissos, entre os quais com a Ministra Tereza Campello, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, apresentei a Pastoral das Pessoas com Deficiência da Arquidiocese de São Paulo.
Vejam a foto.
Tuca Munhoz.
Pastoral das Pessoas com Deficiência da Arquidiocese de São Paulo.