sexta-feira, 22 de julho de 2011

Yaquissoba com coentro

Ontem a noite saí com minha filha, Cecília, para comer yaquissoba na Barão de Itapetininga, nos camelôs chineses.
A qualidade é bastante razoável, e, por apenas seis reais comem bem duas pessoas.
Eu, graças a Deus, como sentado, mas quem não usa cadeira de rodas come de pé, ou agachadinho, encostado na parede.
Além do yaquissoba, uma infinidade de outros produtos é oferecida a preço módico pelas dezenas de camelôs que ficam por ali a partir das 19 horas. Principalmente DVDs. Comprei três por dez reais.
A Cecília comeu muito. Só quem a conhece sabe como ela come. Aprendeu a usar o hashi na hora.
Nesse yaquissoba vai coentro. Não sei se no original vai. Acho que não. Foi abrasileirado ao gosto nordestino.
Antes de comer tomei uma cerveja, e a Cecí um suco de laranja, no boteco do Seu Antonio. Simpaticíssimo!
Se quisesse poderia ter tomado a cerveja na rua mesmo, mas não gosto de tomar direto na latinha ou em copo plástico. Gosto de copo de vidro, alto, para fazer bastante espuma.
Poderia ter tomado uma cahcaça, um vinho, barato certamente, ou um café após a refeição. Até mesmo fumado um baseado, se ainda me agradasse. Tem de tudo ali.
Mas, o que mais me chama a atenção nessa rua, nesse horário e nessa situação, é o surgimento repentino, e em alta velocidade, de viaturas da polícia ou da guarda civil metropolitana, fazendo correr e expondo ao perigo culpados e inocentes.
Cinco segundos após o susto, tudo volta ao normal, literalmente, como se nada tivesse acontecido. Apenas derramei um pouco de shoyo na calça com o corre-corre. Mas tudo bem havia me preparado levando um pouco de papel toalha, pois já sabia que a chinesa é econômica em guardanapos. Até sacolinha plástica ela regula.
Acendi uma Café Creme Noir e fomos embora.
Passamos na padaria para comprar uma surpresa para a Roberta. Ela adora surpresas comestíveis.
Chegando em casa assistimos Rango. Um dos DVDs comprados. Muito bom!


quinta-feira, 14 de julho de 2011

Estive em Barretos

Estive em Barretos para uma palestra sobre Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência. Esse aí na foto comigo é o super simpático Kiko Silveira, coordenador do Conselho Municipal das Pessoas com Deficiência de Barretos.
Tudo foi ótimo! Viagem agradável,  novas amizades, contribuir com a luta...
Barretos, por incrível que pareça, não tem nenhum hotel com acessibilidade.
Deixei a seguinte mensagem no folheto Sugestões & Reclamações do Hotel Kedhi Plaza, onde me hospedei: "Com o progresso social e cultural conquistado pela sociedade brasileira, sobretudo na última década, torna-se inadmissível  que estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços, sobretudo os de médio e grande porte, não se adequem para um atendimento com qualidade para pessoas com deficiência. As desculpas e argumentos para não fazê-lo são, frequentemente, ridículos"
Deixei telefone e e-mail. 
Não tive nenhuma resposta até agora.


domingo, 3 de julho de 2011

A FCD é imprescindível!!

Eu de novo. Em palestra para membros do Núcleo Itaquera da Fraternidade Cristã de Pessoas com Deficiência.
Falei sobre BPC. Fiz um pequeno histórico do Plano Nacional de Assistência Social, Lei Orgânica de Assistência Social, BPC na Escola, BPC Trabalho. Falei também sobre Residências Inclusivas, mães cuidadoras, etc.
Foi muito bom!
Cerca de 60 pessoas presentes. Na maioria, pessoas muito carentes.


A Assistência Social é um Direito!!!

Minha filha é a primeira. É a primeira!!

Festa Julina na escola de minha filha, Cecília. Que é a primeira da fila. Linda!
Notem ao fundo uma rampa para o palco. É uma escola pública municipal. Estudei também em escolas públicas. Só conheci rampas em hospitais e centros de reabilitação.
As coisas mudam, a filha cresce. Outro bebê vem vindo...
A vida é muito boa!

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Lixeira com pedal.

Como vocês viram na postagem anterior, fui ontem à AACD. Estou precisando de novos assentos para minhas cadeiras de rodas: a motorizada e a manual.
O setor que estou indo é o Seating, ou seja, um setor voltado exclusivamente para o atendimento de usuários de cadeiras de rodas.
Olhem a foto que tirei do banheiro de lá! Além de o vaso sanitário não ter a elevação conforme indicado na normatização técnica, a lixeira é com pedal!!!

Descendo a Rua Pedro de Toledo - Vila Mariana - São Paulo.

Fui ontem à AACD - Associação de Assistência à Criança Deficiência. Antigamente era Criança Defeituosa. Eu era uma delas.
Bem. Metrô até a estação Santa Cruz e rodar uns oito quarteirões pela rua Pedro de Toledo. De modo geral o caminho é bom, muito acima da média paulistana. As calçadas são boas e existem guias rebaixadas em todas as esquinas. Mas, vejam as fotos: a primeira de caminhão estacionado na calçada para entrega no Shopping Santa Cruz. O motorista fugiu quando comecei a fotografar, e o segurança do Shopping se escondeu quando quis fotografá-lo também, pois tentou proteger o motorista e até impedir as fotos.
A segunda situação é de uma obra, edifício comercial, sendo construído nessa mesma rua altura do número 1650. 

Essas obras costumam durar de dois a três anos. E a calçada fica assim durante todo esse tempo!

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Fiscal dos lugares por onde passo.



Calçadão exclusivo para pedestres no Centro de São Paulo. Rua XV de Novembro em frente à Secretaria de Estado dos Esportes.

Buracos e mais buracos.

O buraco da foto é um dos mais estrategicamente localizados do Bairro, o que é uma grande façanha, dado que Santa Cecília é o Bairro mais esburacado do Centro de São Paulo. Tenho visto com meus próprios olhos e sentido com minhas próprias rodas!

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Minha mãe me ensinou.

Quando eu andava de pé, não saia de casa sem um lenço de algodão no bolso de trás. Agora, lá estão eles, inúteis, esquecidos na gaveta.

Continuo fumando minha Café Creme. Se eu fosse presidente do Brasil, sairia, certamente, na imprensa: fumando cigarrilhas importadas. (São manufaturadas na Holanda com tabaco do Ceilão).

Façam lap tops. Façam Facebooks. Em frente meus humanos companheiros! 
Mas, eu não vivo sem meu caderninho de apontamentos. Eu não saio de casa sem uma caneta. De jeito nenhum!

Amigos

Um dia desses, lembrando Nelson Cavaquinho, (Me deem flores em vida), declarei a uma amiga o enorme carinho e afeto que tenho por ela. Isso me fez muito bem.
Por outro lado, faleceu, também por esses dias, um amigo: Cleodon Silva, (Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo).
Que vazio me ficou! Que dor por não ter lhe dado um abraço, um sorriso, uma declaração de quanto o amava.

sábado, 18 de junho de 2011

Eu. Eu mesmo! Dando aula no curso de mestrado em Tecnologia Assistiva promovido pelo ITS Brasil. Reencontrando velhos amigos. Fazendo novos. Que bom!!

Palestra em São José do Rio Preto. Minuto da Inclusão e o Artigo 21 da Convenção da ONU. Reencontrei amigos e amigas. Fiz novas amizades. Que bom!

Acessibilidade na prática. Minha vivência cotidiana.

Primeiramente não podemos conceber transporte e locomoção sem que se considere o pedestre, coloco aqui, também como pedestre, o usuário de cadeira de rodas.
Desde que me mudei para o Centro de São Paulo, Santa Cecília, tenho feito a maioria dos meus deslocamentos a pé, (rodando, em cadeira de rodas motorizada), ou em transporte coletivo, sobretudo, ônibus e metrô, mais raramente utilizo o Atende[1]. Tentei utilizar trem, minha mãe mora em São Caetano do Sul e tentei por duas vezes chegar lá com esse meio de transporte. É impossível.
Está contribuição se baseia em minha vivência pessoal e cotidiana.
Calçadas:
·        Enfatizando: para se chegar ao ponto de ônibus, à estação de trem ou metrô, ou mesmo para se tomar um táxi, é indispensável usar a calçada.

1.      O estado de conservação, regularidade e padronização da esmagadora maioria das calçadas da cidade é lamentável: buracos, degraus, inclinação exagerada em benefício de entrada de garagens, irregularidade entre calçadas de cada imóvel, inexistência de guias rebaixadas, etc.
2.      Em muitas situações lojas fazem da calçada estacionamento; um carro maior ou mal estacionado impede a passagem de pessoas em geral e inviabiliza completamente o transito de usuários de cadeiras de rodas;
3.      Bancas de jornal, postes dos mais variados, lixeiras de condomínios, árvores com suas raízes são outros obstáculos que dificultam ou impedem a locomoção.
4.      O farol para pedestres, quando existe, tem tempo curtíssimo e acontece de somente abrir duas ou três vezes após a abertura para automóveis;
5.      Bancas de jornal instaladas em esquinas dificultam a visibilidade para a travessia
6.      Ausência absoluta de fiscalização. Cada um faz o que quer e como quer, na e com a calçada;
Metrô:
1.      Por incrível que pareça os novos trens do Metrô, recentemente adquiridos, oferecem menor acessibilidade do que os antigos. Isso porque os carros ficam numa altura maior ao estacionarem, criando um degrau com 10 a 15 centímetros entre a plataforma e o vagão;
2.      As plataformas elevatórias instaladas em várias estações ajudam, mas são de má qualidade e frequentemente encontram-se em manutenção;
3.      Há falta de pessoal: comumente espero bastante para embarcar, em comparação a um usuário não deficiente em razão da não disponibilidade de funcionário para me ajudar. No desembarque, ainda que tenha havido comunicação entre uma estação e outra, é comum não encontrar nenhum funcionário para apoio.
Ou desembarco sozinho, arriscando-me, ou peço ajuda para algum passageiro.
4.      Em horário de pico, nem pensar.
5.      Ressalto que os funcionários, quando tem disponibilidade, são muito bem treinados, educados e gentis.
Ônibus:
1.   Ainda são muito poucos os chamados “ônibus acessíveis”. Normalmente espero o triplo do tempo, ou mais, em relação a outro usuário, até que passe um ônibus com rampa, que são os mais comuns. Nunca peguei ônibus com elevador;
2.   Ainda que os motoristas dos ônibus, assim como os cobradores,  sejam educados e prestativos,  têm um estilo de dirigir mais para caminhão. Aceleradas e freadas bruscas e velocidade causam desconforto e insegurança;
3.   Os ônibus são razoavelmente acessíveis para usuários de cadeiras de rodas, não são para outras pessoas com mobilidade reduzida. Degraus dentro dos veículos são enormes.
4.   As rampas móveis para embarque e desembarque são exageradamente inclinadas. Isso ainda quando o ônibus para junto à calçada, situação corriqueira no Centro e em alguns bairros melhores.  Na periferia essa possibilidade é inexistente;
5.   A acessibilidade desses ônibus é bastante questionável. A inclinação das rampas, por exemplo, está completamente fora dos padrões ABNT;
6.   Raríssimos ônibus intermunicipais, EMTU, acessíveis. Parece que essa empresa está acima da Lei.
7.   O que justifica não existir um sistema intermunicipal de transporte porta a porta, modelo Atende, para pessoas com deficiência? O que também é de responsabilidade da EMTU.
Trem:
1.      Só conheço a estação do Brás com elevadores. Todas as outras têm muitos, muitos, degraus.
2.      Nessas estações o usuário de cadeira de rodas é carregado pelos seguranças, com grande risco para todos: carregado e carregadores.
3.      O vão que fica entre os vagões e a plataforma é enorme, oferecendo risco para todos os usuários, em especial para as pessoas com deficiência, idosos, etc. Além do vão, com cerca de vinte a trinta centímetros, também ocorre um degrau entre dez a vinte centímetros. Dependendo da estação, do trem e da plataforma.
4.      Não há nenhum treinamento para os seguranças que fazem o atendimento às pessoas com deficiência, que são terceirizados. Na prática são eles que fazem esse atendimento. A Companhia Paulista de Trens Metropolitanos - CPTM alega que esse treinamento foi realizado, me parece até que pela Associação Metroviários Amigos dos Excepcionais - AME, mas o pessoal capacitado não é, certamente, o que realiza atendimento direto às pessoas com deficiência.
Atende:
1.      Gostaria de conhecer as razões técnicas para a não mais existência dos chamados “box” nos novos carros do Atende. Agora as cadeiras de rodas ficam no meio do veículo presas no piso. A sensação de insegurança é grande.
2.      Pessoas que, por exemplo, estudam a noite, não podem utilizar o Atende, que atende apenas e somente até às 20:00 horas.

Infelizmente, mesmo com a boa vontade, honestidade de intenções e empenho da grande maioria dos funcionários públicos, funcionários e gestores das empresas citadas,  a questão da acessibilidade e do transporte para pessoas com deficiência é uma questão de vontade e decisão política. Que não está acontecendo em nossa cidade.







[1] Sistema publico de transporte porta a porta realizado por meio de vans com plataformas elevatórias gerenciado pela SPTrans.

No Aeroporto de Congonhas, Teleton. Pedindo dinheiro por nós. Para nós? Nada sobre nós...

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Sorriso azul

Ontem, no aeroporto, encontrei um amigo que há muito tempo não via. O Granado. Antonio Carlos, nos primeiros dois nomes, meu xará, portanto. Fiquei muito feliz. Ele tem um sorriso azul.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Uma visita ao Cemitério do Araça - Windows Live

Uma visita ao Cemitério do Araça - Windows Live

Visite comigo o Cemitério do Araçá!
Durante muitos, anos passando pela Av. Dr. Arnaldo, senti vontade de visitar esse cemitério e conhecer sua arquitetura tumular. Acabei por fazer essa visita há alguns dias, num domingo ensolarado e frio.
Fiquei frustrado, a arquitetura tumular não é grande coisa.
Mas, a visita valeu a pena.
Venha comigo!

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Dias felizes

Depois de uma conversa com o simpático e doce Oded Grajew. 40 minutos no ponto de ônibus! Primeiro temos que ver se o ônibus e acessível, depois, e somente depois, qual o itinerário.
Nenhum Armênia acessível, que passa perto de casa. Peguei o Anhangabaú, e fui para a Biblioteca Mario de Andrade.
A plataforma elevatória não funcionava. Estresse. Funcionou.Vou então ao banheiro acessível. Trancado. Onde estará a chave?
Os dois funcionários que me atendem, terceirizados, negros. O rapaz, pelego, infelizmente. A menina, educada, gentil.
Reclamei mais uma vez. Fiz chamar a gerente. Tudo vai dar certo.
Nao encontrei a Ritinha, da recepção, que nos pergunta o numero do RG e guarda pertences.
A outra que também gosto, menina/menino, não estava.
Peguei um Mario Faustino e um Alberto Moravia. Fui embora.
Eia, eia, cadeirinha!

Cronica de uma viagem à Brasilia.



Convidado pelo Ministério da Educação estive no último dia cinco de Maio em Brasília para participar de uma Câmara Técnica sobre a inclusão escolar de crianças e jovens com deficiência no ensino público regular. Estavam também presentes, técnicos, estudiosos, profissionais e ativistas pelos direitos das pessoas com deficiência de todo o país.
Foi um dia intenso com muitos debates e informações acerca dessa iniciativa exitosa do Ministério da Educação e que tem nosso irrestrito apoio.
Aproveitei essa viajem, cuja estadia de um dia assim como as passagens aéreas foram pagas pelo MEC, para outros contatos e reuniões. Alterei o dia da volta junto à empresa aérea e permaneci em Brasília por mais um dia e meio. Arcando, com recursos da Pastoral, essa e outras despesas.
Uma religiosa amiga que mora lá, procurou, a meu pedido, um local ligado à Igreja para a minha hospedagem. Para quem não me conhece pessoalmente, informo que utilizo cadeira de rodas motorizada, e por isso, a procura teve que, necessariamente, levar em conta as condições de acessibilidade do local.
Depois de bastante pesquisa por telefone finalmente uma Casa se apresentou com as condições necessárias para receber uma pessoa com deficiência, a Pontifícias Obras Missionárias – POM.
De fato o local tem bastante acessibilidade, não existem degraus, pude circular por quase todos os espaços, restaurante, biblioteca, capela. (Menos o altar. Ainda não vi um altar com acessibilidade).
No entanto, um problema: as portas dos banheiros dos quartos destinados aos hóspedes é muito estreita,  o que não permite a passagem de uma cadeira de rodas!
Passei por situação constrangedora e que envolveu risco à minha segurança, pois tive que realizar, dentro de minhas possibilidades, malabarismos para tomar um simples banho. Outras necessidades como escovar os dentes e etc. realizei num banheiro externo ao setor de hospedagem, que não possui chuveiro.
Não é a primeira vez que passo por situações semelhantes a esta. Certamente não será a última.
Eu gostaria que fosse a última. Eu não quero mais passar por situações como esta. Eu não quero que outras pessoas com deficiência passem por situações como esta!
Foi por isso, e para isso, que construímos e realizamos a CF 2006. O convite foi: “Levante-te. Vem para o meio”. Pois bem: estamos nos levantando, estamos, a duras penas, fazendo a nossa parte, muito pouco ainda. Criamos a Pastoral das Pessoas com Deficiência da Arquidiocese de São Paulo, e em várias outras regiões. Pessoas com e sem deficiência estão se mobilizando para esse grande projeto que é o dar vida a todos os propósitos contidos no Documento Base da CF 2006.
Mas, qual o significado para a Igreja dessa Campanha? Quais as ações práticas realizadas? Bastou a construção de rampas nas entradas de algumas igrejas e tudo está resolvido?
Devemos cobrar e exigir dos governantes que cumpram a lei, que respeitem nossos direitos, mas o padre e o bispo, os coordenadores das tantas instituições da Igreja não precisam fazê-lo?
Ficamos moralmente fragilizados em cobrar governos e sociedade para que cumpram a lei, quando em nossa Casa essa preocupação é pequena.
Lá em Brasília, ao informar a funcionária administrativa, que me recebeu tão bem, assim como todos os outros funcionários, das dificuldades pelas quais estava passando, ela, em sua ingenuidade argumentou: então, a solução é não recebermos mais pessoas com deficiência.
Fiquei profundamente entristecido com tal afirmação, que repito, estou certo, não foi por mal, mas pelo grande desconhecimento que essa moça, assim como a grande maioria do povo brasileiro, governantes e Igrejas, têm em relação à realidade de vida e necessidades das pessoas com deficiência.
Ninguém se recusa em ajudar uma pessoa com deficiência, seja para subir um degrau com a cadeira de rodas, seja para contribuir com uma entidade assistencial. É da natureza do povo brasileiro. Mas, quando queremos que essas ajudas sejam dispensadas e nossos direitos respeitados, “a porca torce o rabo”.
Tenho nitidamente a impressão de que o que as pessoas valorizam, sendo o objeto da  importância, é a ajuda, o ato, e não o beneficiário do ato, no caso, nós, pessoas com deficiência. Se nossos direitos forem garantidos, seja pela Igreja, seja pelos governos, como ficará a ajuda, como ficará o auxílio, essa caridade menor que insiste em ver-nos como eternos dependentes?  
Fortaleço-me na Verdade, na crença de que levantar e ir para o meio foi a escolha correta. Foi o caminho que Jesus nos ensinou e que não tem volta, seja pela fé em seus ensinamentos, seja pela certeza que ir para o meio, estar no meio,  significa lutar por um outro mundo, que além de possível, é certo. Um mundo com direitos e oportunidades para todas as pessoas!
Vamos em frente!
A viagem a Brasília afinal foi bastante proveitosa. Além de contribuir com as discussões sobre Educação Inclusiva no Ministério da Educação, tive outros compromissos, entre os quais com a Ministra Tereza Campello, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, apresentei a Pastoral das Pessoas com Deficiência da Arquidiocese de São Paulo.
Vejam a foto.
Tuca Munhoz.
Pastoral das Pessoas com Deficiência da Arquidiocese de São Paulo.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Eu, a ministra Tereza Campello, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, e ao fundo, a presidenta Dilma, "de olho".

Eu e Ir. Conceição Guarda.

Auto proclamado: Fiscal de Todos os Lugares por Onde Passo!

Há um ou dois anos atrás uma mocinha bem bonita, nissei, usuária de cadeira de rodas, dizia-se "fiscal da Av. Paulista". Ela fiscalizava as condições de acessibilidade dessa avenida.

Eu sempre achei muito curioso o fato de ela ter resolvido fiscalizar logo a Av. Paulista, local com ótimas condições de acessibilidade. Por que será que ela não resolveu fiscalizar a Av. Sapopemba, ou, sem radicalismos, aqui onde moro: Rua das Palmeiras?

Tempos depois descobri que era apenas uma jogada de marketing, que deu certo, de uma, na época, vereadora.
Pois bem! Eu resolvi! E me auto proclamo agora, oficialmente: 

Fiscal de Todos os Lugares por Onde Passo!!
Aguardem! Fotos, denúncias, implicâncias, e que tais.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Eu, um cachorro, Nossa Senhora e algumas flores, em frente à primeira sede da TFP - Tradição, Familia e Propriedade.

Google

Eu sou Tuca Munhoz.

Recentemente foi lançado o livro “História do Movimento Político das Pessoas com Deficiência no Brasil”. Esse livro, em bela edição patrocinada pela Secretaria de Promoção dos Direitos das Pessoas com Deficiência do Governo Federal, faz uma retrospectiva dos últimos trinta anos desse movimento, do qual tive, e tenho a honra e a alegria de participar.

Para contar um pouco dessa história peço licença a você leitor para fazer um paralelo entre a história desse Movimento e a minha história pessoal, enquanto um homem comum e enquanto ativista pelos direitos das pessoas com deficiência.

Nos idos de meus 19 anos, há exatamente 34 anos atrás, tive meu primeiro emprego de verdade, com carteira assinada e todas essas coisas. Eu o considerava um emprego de verdade porque ficava longe de casa, tinha que pegar dois ônibus. Antes disso trabalhei pertinho de casa, numa banca de revistas e numa papelaria.

Essa minha história começa justamente nesses dois ônibus que eu tinha que tomar, para ir de São Caetano do Sul, onde morava, até a Av. Paulista, onde ficava a sede do Banco Real, meu empregador.

Passava todos os dias por uma situação que considerava constrangedora e desagradável. Naquela época, em razão de sequela de paralisia infantil adquirida aos 11 meses de idade, eu usava duas muletas axilares e aparelhos ortopédicos nas duas pernas. Não conseguia subir no ônibus sozinho e tinha que pedir ajuda a algum passageiro, ao motorista ou ao cobrador.

Angustiava-me muito a autoimagem que fazia de ser uma pessoa “errada”, nem ao menos conseguia subir em um ônibus, todos conseguiam fazê-lo, menos eu! Sofria com isso, e odiava minha deficiência, odiava, portanto, a mim mesmo, porque a deficiência fazia parte de mim.

Um dia ao voltar para casa, justamente aguardando o ônibus na Av. Paulista, alguém me entregou um folhetinho que convidava para uma reunião de pessoas com deficiência que aconteceria no Colégio Anchietano, na qual se pretendia discutir os nossos direitos.

Fiquei muito ansioso para participar dessa reunião! Que direitos poderíamos ter?

A única experiência que eu tinha até então com outras pessoas com deficiência, e isso desde a infância, era em hospitais ou em centros de reabilitação, onde tentavam me “consertar’ com inúmeras cirurgias, tratamentos e fisioterapia intermináveis.

Finalmente chegou o dia dessa reunião, que eu lembro ensolarado. Deviam estar presentes cerca de 20 pessoas, entre pessoas com deficiência, todas muito jovens, na faixa de 20 anos, por aí, mais alguns amigos e parentes. Eu fui com minha tia Tereza e com meu primo Paulo, que me deram carona no velho fusquinha branco, apelidado Getúlio.

Me assustava discutir a deficiência, pois estaríamos discutindo nossos corpos, pois é em nossos corpos que está a deficiência. Sim. Isso é verdade. Mas, eu estava enganado. O que sempre havia aprendido, e havia aceitado, é que não conseguia fazer uma série de coisas, como subir em um ônibus, porque havia um problema em meu corpo.

Passo imediatamente para o tempo presente, ano de 2011. Hoje, sobretudo em razão da idade, abandonei as muletas e o aparelho ortopédico e uso cadeira de rodas. Podemos considerar que minha deficiência se agravou. No entanto, hoje, eu posso subir em um ônibus! O que aconteceu? Eu mudei? Não, não mudei. Continuo sendo uma pessoa com deficiência. Com até mais limitações do que quando tinha 19 anos. O que mudou então?

Eu descobri, naquela reunião, em meus 19 anos, compartilhando experiências, sentimentos e aprendizados, que o problema em não acessar ônibus, e uma série de outras coisas, como andar pela cidade, trabalhar, estudar e muitos outros direitos negados às pessoas com deficiência, não era um problema que estava em nossos corpos, mas estava sim, no corpo social.

Aprendi isso. Caiu a minha ficha. E naquela época estavam caindo fichas de muitas outras pessoas com deficiência. Foi quando o nosso Movimento amadureceu e intensificou a luta. Luta que não terminou, mas que nos permite hoje celebrarmos muitas conquistas, e, sobretudo termos a clareza que as pessoas podem ser felizes, contribuir para a felicidade de outros, contribuir para um mundo melhor mesmo sendo diferentes, mesmo que seus corpos sejam frágeis e limitados. Não podemos, no entanto, aceitar que a sociedade nos limite.

Tenho modestamente, apoiado em minha família e rede de amigos, feito a minha parte. Contribui para a criação da Pastoral das Pessoas com Deficiência da Arquidiocese de São Paulo, na qual acredito muitíssimo e tenho certeza fará um grande papel na continuidade de nossa História.

Faço também, (com a participação de outras pessoas), um programa de rádio, o Minuto da Inclusão[1] no qual divulgamos informações, notícias e dicas para as pessoas com deficiência, e suas famílias, procurando fortalece-las na busca por seus direitos e na sua autoestima. Para que tenham a clareza de que a inclusão plena e a dignidade das pessoas com deficiência será resultado e fruto de uma sociedade justa e fraterna!

Tuca Munhoz

Pastoral das Pessoas com Deficiência da Arquidiocese de São Paulo

pastoralpessoascomdeficiencia@gmail.com


[1] O Minuto da Inclusão é veiculado por centenas de rádio por todo o Brasil. Se não passar na rádio que você costuma ouvir, acesse www.radioagencianacional.ebc.com.br