Está
acontecendo, sobretudo na internet, uma Campanha muito legítima, necessária e
válida, que tem por nome “Esta vaga não é sua nem por um minuto”.
Essa
campanha, iniciada em Curitiba por Mirella Prosdócimo, que também utiliza
cadeira de rodas, tem por objetivo
conscientizar e sensibilizar motoristas para que não utilizem irregularmente
vagas de estacionamento demarcadas e reservadas para pessoas com deficiência, o
que é, infelizmente, uma prática muito comum.
Já
há algum tempo, por opção, não tenho dirigido, mas dirigi por muitos anos, e
inúmeras vezes não encontrei vagas reservadas para estacionar, tanto em locais
públicos como particulares, por terem sido ocupadas por automóveis dirigidos
por pessoas sem deficiência.
Sempre
que encontrava o motorista infrator, protestava e informava da exclusividade da
vaga de estacionamento para pessoas com deficiência. Deparei com todo tipo de
respostas, desde desculpas sinceras até as mais esfarrapadas ou pior, mal
educadas. Uma das desculpas mais comuns, ouvidas não só por mim, mas por
muitíssimas outras pessoas com deficiência sempre foi: “É só por um minutinho,
vou até ali e volto já”. Daí o nome da Campanha: Esta vaga não é sua nem por um
minuto.
Espero,
com esta matéria, contribuir para que as pessoas não deficientes respeitem as
vagas de estacionamento das pessoas com deficiência, e também dos idosos,
sempre claramente demarcadas.
Mas,
como disse acima, há alguns anos deixei de dirigir, e por morar em uma região
privilegiada de São Paulo em termos de transporte coletivo, o bairro de Santa Cecília,
tenho utilizado ônibus e, sobretudo, Metrô. E graças à minha cadeira de rodas
motorizada faço também grandes trajetos “a pé”.
E
é aí que o bicho pega, pois tanto o transporte coletivo, e, principalmente, as
calçadas de São Paulo, deixam muito a desejar.
Com
a nova lei sobre a conservação dos passeios públicos, chamada Lei das Calçadas,
espero que a situação melhore, pois mesmo no Centro da cidade a conservação é
péssima, além da falta de padronização e regularidade. Em muitos locais a
inclinação das calçadas para favorecer a entrada e saída de veículos em
condomínios e estacionamentos inviabiliza a passagem de cadeiras de rodas.
Creio que nem se faz necessário falar sobre degraus entre as calçadas de
diferentes imóveis, o que é um absurdo e um grande desrespeito para todos os
pedestres.
A
falta de padronização é outro problema grave. Cada um faz, quando faz, a
calçada como bem entende. E, coloca na calçada o que bem entende. É comum
encontrar automóveis estacionados, quebradas devido ao plantio de árvores
inadequadas, lixeiras enormes, lixo depositado fora do horário e/ou em
proporções que impedem a passagem, bancas de jornal muito grandes, postes para
várias finalidades colocados sem planejamento e em quantidade excessiva, mesas
de bares e restaurantes, calçadas muito estreitas, etc.
Ainda
que me coloque favoravelmente, de maneira irrestrita, à Campanha para o
respeito às vagas de estacionamento para as pessoas com deficiência, considero
que seria ainda mais importante, e democrática, uma campanha pelo direito a
calçadas de boa qualidade para todas as pessoas. Afinal, como diz outra Campanha:
Somos todos pedestres.
É isso aí! Se há ainda um pequeno número de pessoas com deficiência que se locomovem com a ajuda de aparelhos sofisticados, menor ainda é o número dos que usam veículo próprio. Grande parte dos brasileiros, com ou sem deficiência, utiliza diariamente o transporte público ou anda a pé. Assim, nada melhor do que a acessibilidade garantida para todos, em toda a cidade. Abraço. Anastázia
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